
Ás vezes não
sabemos o significado das coisas que fazemos por impulso, e o porquê de
fazermos. Um dia ao entrar no Shopping Villa Lobos para comprar urgentemente um
carregador de celular, passei em frente a um Pet Shop e pude avistar um pequeno
cachorro na porta acompanhado de um funcionário, ele estava lá atraindo os
clientes. O pequeno Scottish Terrier de 4 meses estava assustado com tantas
pessoas querendo colocar a mão nele, eu inclusive, fiz o mesmo. Perguntei ao
funcionário se ele veio tomar banho, ele me disse que não. O cachorro na
verdade morava na gaiola do petshop, ele não tinha sido vendido ainda pois
estava muito velho. Ele e os irmãos eram uma ninhada de 4 cachorrinhos, e como
ele era o mais serelepe, os clientes preferiram os irmãos mais quietinhos.
Perguntei se o cachorro estava a venda, o funcionário disse que sim e bem
barato. Não pensei duas vezes, peguei o cachorrinho no colo e paguei em duas
vezes no cartão. É irônico o comércio de animais, não é? Confesso que ele
estava muito barato porque queriam se livrar do cachorrinho. Digamos que... Eu
agi por impulso a princípio e quando me deparei com a realidade, estava no
estacionamento do shopping, sem o carregador do celular e com um cachorro na
mão. Segui em direção a minha casa no interior paulistano, o cachorro foi
quietinho a viajem inteira (ao menos parecia) no banco de trás. Quando cheguei
pude perceber que ele havia roído as maçanetas da porta no caminho, mas
confesso, ele ainda continuava a coisa mais adorável da Terra. Levei-o no
veterinário e me surpreendi, ele estava com vermes, muitos vermes. Era um
absurdo que mesmo morando em um petshop com um veterinário qualificado, estava
sendo vítima de maus tratos. Passaram-se 2 semanas, ele era um amor e super
bonzinho, dava para perceber que ele era um cachorro do bem. Mas ele não
prestava a atenção em mim, não brincava, não ligava para carinho e nem me
atendia quando chamava, era como se fosse um... Hóspede. Um dia eu tive que
viajar, e pedi para o meu pai que é aposentado cuidar dele, claro que ele não
ficou nenhum pouco contente com a ideia e não topou, mas ele não teve escolha,
e também eram só por 15 dias. Quando cheguei na casa do meu pai com o cachorro,
eu apresentei o cachorro a ele, um ficou parado de frente para o outro. Meu pai
ria sozinho pelo estilo e o jeitinho do cachorro, e o cão, ficou paradinho
encarando ele. Papai perguntou qual era sua raça, eu disse que era um Scottish
Terrier, ele olhou para o cachorro e disse: Vem cá Scott! Surpreendentemente o
cachorro foi e parou ao lado dele. Mais tranquilo, peguei minhas coisas e fui
viajar. Para a minha grande surpresa, durante a viagem eu recebi um telefonema
da minha tia, ela disse que os dois tinham se dado super bem e que não se
desgrudavam mais. Onde um ia, o outro ia atrás, para o quintal, sofá, rua e
tudo mais. Quando cheguei, o Scott me atendeu, mas logo voltou para o lado do
meu pai. Bom, não precisa nem dizer que eu não levei ele embora para casa, né?
E até hoje ele mora com papai. Sabe, as vezes agimos por impulso, ou sem pensar,
e não temos noção das conseqüências ou caminhos que essa escolha pode dar. Hoje
eu sei, fui apenas uma ferramenta para unir o amor e o companheirismo desses
dois, que hoje podem se chamar de melhores amigos